O Sporting conseguiu este domingo, em Alvalade, uma vitória sofrida mas inteiramente justa sobre o Arouca (2-1), uma equipa que soube tirar partido de uma arbitragem deficiente que deixou os leões a jogar com menos um jogador a partir do minuto 42, facto que ainda assim se revelou insuficiente para travar o querer da equipa leonina. Naquele minuto 42', o árbitro António Nobre expulsou Diomande, num lance em que o central leonino foi acusado de atingir um adversário no rosto, vendo um segundo cartão amarelo no mínimo discutível e deixando a equipa verde e branca a jogar com menos um elemento dentro das quatro linhas.

Mesmo em inferioridade numérica, o Sporting, depois de consentir um golo que deixava a partida empatada, mostrou crença e raça e com Viktor Gyokeres a todo o gás voltou a adiantar-se no marcador, acabando por vencer com mérito e justiça.

Conseguindo aparecer sempre melhor nas construções ofensivas, tendo mais posse de bola e impedindo o Arouca de assumir o jogo, o Sporting surgiu em jogo com um futebol assente em lances velozes e de qualidade, conseguindo quase sempre levar a bola até à baliza de Arruabarrena com perigo para este, um guarda-redes que se mostrou sempre atento e seguro, mas obrigado a muito trabalho durante a partida.

Sem contar com Paulinho, que começou esta partida no banco de suplentes, Ruben Amorim escalou para a recepção ao Arouca o guarda-redes Adán, os centrais Gonçalo Inácio, Coates e Diomande, ainda Ricardo Esgaio, Hjulmand, Morita e Nuno Santos na linha média, e também Edwards e Pedro Gonçalves nas costas de Viktor Gyokeres.

Do outro lado, o técnico Daniel Ramos escalou um onze com o guarda-redes Arruabarrena, uma primeira linha defensiva com três defesas centrais — Milovanov, Rafael Fernandes e Montero —, quatro jogadores numa linha média ainda assim mais recuada — Tiago Esgaio, Oriol Busquets, Morlaye Sylla e Weverson — e três elementos com uma missão mais ofensiva, nomeadamente Trezza, Mujica e Cristo. Aparentemente tínhamos desta forma um Arouca a jogar no mesmo esquema táctico da equipa da casa, mas na prática os alas recuavam sepre que a sua equipa não tinha bola, e os dois apoio ao ponta-de-lança recuavam para o meio-campo para ajudar a defender, transformando a equipa do Rio Ave num 5x4x1 na maior parte do tempo.

E o certo é que, com estes dois esquemas tácticos, o Sporting foi sempre a equipa com mais posse de bola, assumindo o controlo total do jogo e pecando apenas na fraca criação de situações de finalização. Isso mesmo, aliás, justificava a vantagem mínima dos leões ao intervalo.

Na verdade, num primeiro tempo em que o Sporting chegou ao golo ao minuto 31', por Viktor Gyokeres, depois de um cruzamento de Marcus Edwards, o Sporting adiantou-se no marcador mas viria pouco depois a “recuar” no número de jogadores em campo. Diomande, que à meia-hora se envolveu num despique com Mujica e viu um primeiro cartão amarelo completamente escusado, fruto de uma decisão salomónica do árbitro António Nobre, que mostrou também a mesma cartolina a Rafa Mujica no mesmo lance, acabaria Diomande por ver um segundo cartão amarelo ao minuto 42 numa decisão claramente exagerada do juíz da partida, num lance em que por força do protocolo o VAR não pôde corrigir o erro que esteve na base desta decisão.

Será bom recordar, aliás, que neste lance, se Diomande fosse expulso com um cartão vermelho direto o VAR poderia intervir e confirmar (ou não) essa decisão. Porém, como se tratou de um cartão amarelo, o VAR nada pôde dizer nem corrigir, e como se tratou do segundo amarelo Diomande foi mesmo para a rua ao minuto 42'. O árbitro António Nobre ganhou a partir desse momento em quase todos os 36.688 espectadores em Alvalade um crítico do seu trabalho, e as assobiadelas ao trabalho do árbitro a partir desse momento foram uma constante, fruto do erro que Nobre cometeu na expulsão do central leonino.

Com o juíz da partida a errar por “excesso de zelo” naquela expulsão, continuou a expulsar a partir dali, mostrando cartões claramente “a pedido” das bancadas, mostrando-se nada objectivo e perdendo mesmo aqui e ali o controlo do jogo, mostrando cartões como se não houvesse amanhã.

Ao minuto 52 o Rio Ave chegou mesmo ao golo do empate, calando as bancadas de Alvalade que viram por aquela altura o futuro no mínimo sombrio para o resultado final deste jogo. Valeu no entanto o querer e a garra dos jogadores da equipa leonina, que não abanaram mesmo depois de estarem em desvantagem numérica, e tiraram mesmo partido da garra e omnipresença do jovem sueco Viktor Gyokeres, ele que se desdobrou na frente leonina assumindo-se como o motor do ataque do Sporting, com Pedro Gonçalves na posição de lugar-tenente, surgindo atrás destes dois jogadores o nipónico Norita como o maestro que afinou as notas da pauta escrita a partir do benco por Rúben Amorim.

Para refrescar a sua equipa, Amorim apostou então em Geny Catamo e Eduardo Quaresma por troca com Nuno Santos e Ricardo Esgaio, e foi já com esta nove formação nas quatro linhas que o Sporting voltou a marcar, ao minuto 68', num toque de classe por parte de Morita ao minuto 68'. Pedro Gonçalves entrou pelo corredor esquerdo do ataque, solicitou a presença do médio japonês ao primeiro poste e Mojita, com um toque subtil e de enorme qualidade, colocou a bola entre o guarda-redes e o poste para aquele que foi o segundo golo dos leões.

Ao minuto 85', quando o Arouca procurava agora chegar à área de baliza de Adán, um pormenor de Gyokeres deliciou os adeptos nas bancadas, quando recuperou a bola de um médio arouquense em força e teve ainda capacidade de partir para o ataque, servindo Geny Catamo a puxar para o meio para rematar em força ao segundo poste. Valeu à equipa visitante o guardião Arruabarrena com uma defesa apertadíssima a desviar a bola pela linha de fundo. É certo que não foi golo, mas o lance foi aplaudido como se de um golo se tratasse.

Aplaudido foi também o lance seguinte, ao minuto 86' quando Gyokeres, de novo ele, surgiu em mais uma incursão no meio-campo defensivo do Arouca a ser travado em falta por Rafa Fernandes, ele que já tinha um cartão amarelo e que assim viu o segundo amarelo e o consequente vermelho. Sporting e Arouca passavam a jogar de novo em igualdade numérica e Rúben Amorim voltava a mexer na sua equipa, fazendo entrar Luís Neto ao minuto 87' por troca com Eduardo Quaresma que tinha entrado no jogo neste segundo tempo.

Até ao final o marcador não voltou a ser alterado e o jogo terminou com a vantagem claramente merecida para o Sporting, mostrando um leão capaz de reagir às contrariedades sem se deixar abater, conseguindo desse modo reocupar a liderança do campeonato da I Liga, uma forma dos homens de Alvalade encherem o peito e deixarem uma afirmação clara: temos leão!

Jorge Reis
Diogo Faria Reis (fotos)
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